domingo, 11 de maio de 2008

Falei com Deus, sim!

Quando eu tinha assim por volta de 9 anos, falei com Deus. Minha crença era tão forte que todos os dias eu falava com ele, meu Pai Divino. Mas teve um dia muito especial. O dia em que eu pude sentir um sinal de que ele estava se comunicando concretamente comigo.
Naquele tempo, minha mãe determinava tarefas para todos os filhos. A mim me cabia a obrigação de aguar o jardim todas as tardes. Bom, no Ceará não é de chover muito. O sistema de abastecimento da cidade era muito ruim e a água chegava bem fraquinha na ponta da mangueira que eu usava para cumprir as ordens de minha querida mãe. Em compensação a grama era muito grande e a impressão que eu tinha era que nunca iria acabar de aguar tudo com aquela velocidade que a água caía. A verdade é que eu vivia entediado com aquela tarefa. No mesmo horário, na TV era apresentado o programa Sítio do Pica-pau Amarelo, eu adorava aquilo e preferia estar na TV a estar aguando o jardim naquela agonia sem fim. Ironia do destino, hoje eu sei que é bem mais agradável (e saudável) ficar entre as plantas do que diante da TV.
Num desses dias, enquanto tentava sem sucesso apressar o jato de água da mangueira, Deus falou comigo. Falou mesmo! Não sei dizer exatamente como se deu a transmissão da mensagem. Até hoje tenho dúvida se foi de dentro dos pingos que saíam da mangueira, ou se foi das poucas nuvens no céu. Eu só lembro que o sol era muito forte, o céu azul e eu assim quase num transe devido ao tédio e o calor. O importante foi que a mensagem chegou até a minha consciência, e era a seguinte: “Pode ter certeza que na quinta-feira vai chover. Tenha fé que eu existo. Vou lhe provar isso fazendo chover logo cedo pela manha daqui a três dias.”
Dito e feito. Quinta-feira pela manhã acordei cedinho e logo me lembrei da mensagem. Estava chovendo. Não era muito forte, mas o tempo estava fechado e chovia desde a madrugada em Fortaleza. As plantas estavam todas molhadas e contentes. O calor havia dado uma trégua e naquela dia eu não precisaria perder mais um capítulo das aventuras do Pedrinho, do Saci Pererê e companhia. Foi maravilhoso. Agradeci a Deus por muitas semanas seguidas. Fiquei maravilhado. Falei pra todo mundo o que havia acontecido comigo. É claro que ninguém levou muito a sério. Isso foi até motivo para a turma mangar bastante de mim. Mas eu permanecia contente porque havia sim falado com Deus. Ninguém me diria que não. Ninguém me convenceria do contrário. E tanto foi verdade que até hoje guardei aquele dia como o início de minha consciência por gente, e de minha fé no bem e no divino. Foi maravilhoso. Meu grande Pai Divino teve compaixão de mim e mandou chuva para o Ceará. Para aliviar o calor, e também para aliviar a preguiça de aguar as plantinhas de minha mãe naquela antiga casa onde morávamos.

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